quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de junho de 2012Vida que Brinca e Informa Por Alcione Pauli e Maria Lúcia C. Rodrigues “Mais importante que as dores no corpo foi a liberdade que jamais tinha experimentado.” (Olívio Jekupé) Guerreiro da nação Guarani, Olívio Jekupé viajou pelo mundo e escreveu alguns livros. Escreve por acreditar que a tecnologia da escrita pode apresentar um olhar singular sobre os misteriosos povos indígenas. Ao apresentar “Tekoa conhecendo uma aldeia indígena”, Olívio nos convida a conhecer o mundo visto pelo povo guarani. Para fazer esta viagem o autor cria personagens fora da Tekoa e os insere lá no lugar no qual vivem os guaranis - conforme suas leis e costumes - para um mergulho silencioso e cuidadoso nos ritos e mitos que circulam nos alimentos, nos eventos e nas relações. Os personagens Eduardo e seu filho Carlos, Mirim e seu pai Tucumbó são os que fazem a informação aparecer. Carlos é um menino de São Paulo que passa um mês com o menino Mirim, filho do Cacique Tucumbó. Mirim apresenta tudo ao Carlos sem pressa. Passeia entre as bananeiras e os rios e vai ensinando coisas de seu povo. Sem querer ensinar revela os segredos que pode soltar. Carlos é envolvido pelo pio da Coruja e adormece entre os guaranis. Depois de um sono revigorante descobre o que é Tekoa, poi-poi, yvira nhex, petynguá, mboy, tokoiró... os dias passam e ao retornar para sua casa, em São Paulo, leva em sua memória a... “Saudade é uma distância que não se mede em quilômetros. Aquela gente tão igual e tão diferente. Um povo cuja cultura é tão antiga e cheia de sentidos.” (p. 27). Mais do que a informação por trás do enredo está a riqueza poética das imagens que o ilustrador Maurício Negro cria para o livro, que já em sua capa apresenta um emaranhado de signos mesclados nos tons terrosos. A viagem do menino não começa na palavra, o leitor sabe que há um deslocamento do personagem pelas marcas de pneus, atravessando as páginas e mapas. Negro constrói suas imagens com elementos naturais como: folhas, terra, palha, sementes que aliados à fotografia e ao grafismo, seja por tinta ou por desenho, juntam-se à técnica antiga do pirógrafo que, com sua ponta fina e incandescente, queima a madeira, tatuando-a definitivamente. Por que não dizer que as ilustrações da obra são uma salada de expressões plásticas que sintetizam a riqueza da cultura indígena brasileira? Cada página do livro traz uma novidade em termos de cores, traços e técnica empregada, tal qual é a novidade encontrada por Carlos - a cada dia passado na aldeia guarani. A plasticidade das ilustrações para a obra é latente; é um convite a nos deleitarmos com os minuciosos detalhes, com as formas e cores da natureza que invadem as páginas do livro. Assim é Tekoa: um texto com vida que brinca e informa. FICHA TÉCNICA: Obra: Tekoa conhecendo uma aldeia indígena Autor: Olívio Jekupé Ilustrador: Mauricio Negro Editora: Global  Postado por Prolij / Univille às 08:15 Marcadores: Alcione Pauli, Cultura Indígena, Maria Lúcia Rodrigues, Resenhas

Nenhum comentário: