segunda-feira, 2 de agosto de 2021

 Escritores indígenas- 2003


 Muitos podem não lembrar mas eu me lembro muito bem, foi em 2003 que aconteceu o primeiro encontro dos escritores indígenas do Brasil, no Rio de janeiro, posso dizer que foi maravilhoso, pois podemos conhecer muitos participantes que queriam ouvir as palavras de cada escritor de várias etnias e que puderam mostrar seus livros publicado.

E posso dizer que depois desse encontro as coisas começaram a mudar e começou a surgir outros escritores que  escritores que eram convidados.

E nessa foto voces podem ver que cada escritor estava muito feliz porque foi uma alegria muito forte pra cada um, inclusive eu.

Por isso resolvi escrever essas simples palavras pra mostrar aos que não sabem disso, que nesse ano de 2003 estivemos no Rio de Janeiro, e com a apoio da FNLIJ.

O passado é algo que nunca volta, mas podemos lembrar dele e mostrar que valeu a pena essa iniciativa de todos em que através desse encontro aconteceram outros pra mostrar a importância dos livros de autores indígenas e mostrar como é importante chegar nas escolas também.

E sempre falo que nossos trabalhos tem que chegar nas mãos dos professores porque eles serão sempre nossa voz, é através deles que as crianças conhecerão nossas histórias e nos valorizar com outro olhar e não como aquele que é sempre preconceituoso e que faz a criança ter medo da gente.

VIVA A LITERATURA NATIVA


Olivio Jekupe



sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Literatura nativa em familia

Literatura nativa em familia


Esse livro eu publiquei agora esse ano, e foi um livro em que resovi organizar minha familia, pois meus 3 filhos descobriram seu talento de escritores sedo. E tem a minha esposa Maria Kerexu que não sabe ler nem escrever mas sempre foi uma contadora de história oral, e por isso eu escrevo pra ela sempre que resolve contar uma história.

Bom,  quero dizer que meus tres filhos se chamam: Tupã Mirin, Jekupe Mirim e o Jeguaka Mirim, que aliás é conhecido mundialmente como Kunumi mc, o garoto que ficou conhecido na copa do mundo fazendo um ato pedindo demarcação já.

Sei que talvez esse seja o primeiro livro publicado por uma familia indígena do Brasil, e espero que vocs possam procurar esse livro e que sinta feliz ao ler cada hisória contada por cada autor,e podem procurar direto pela editora Cintra e digital podem procurar no amazon.

E acredito que a literatura nativa é muito imortante ser conhecida, pois é através dela que as pessoas irão nos entender melhor como nós nas aldeias vivemos, como pensamos , porque não é só escrever sobre o indio que as pessoas irão entender, pois muitos livros já se escreveram há séculos, mas trouxeram mais preconceito contra nossos povos, por isso vamos conhecer a literatura nativa pra que as coisas possam ser mais compriendido.

Olivio Jekue- aldeia krukutu- São Paulo

 


 

terça-feira, 17 de março de 2020

escritor, palestrante e cantor de rap







Aos 9 anos dando palestra

Pois é, aos 10 anos o meu filho Jeguaka Mirim já dava palestra junto comigo, essa foi na ong beija flor em Diadema, foi maravilhoso ele falando sobre za cultura guarani e já comentando que tinha assinado um contrato com a Editora FTD e que em breve teria um livro publicado, e hoje o livro já está a venda,- Contos dos curumins guaranis.
por isso é que é importante os filhos acampanharem a gente e como sempre dei palestra e ele junto comigo foi seguindo o mesmo caminho, palestrante, escritor e hoje cantor e campositor.
Aliás nas plataformas podem ouvir as músicas dele- kumi mc

Olivio Jekupe

quinta-feira, 12 de março de 2020

Kunumi mc, aos 10 anos



Pois é, aos 10 anos o meu filho Jeguaka Mirim já dava palestra junto comigo, essa foi na ong beija flor em Diadema, foi maravilhoso ele falando sobre za cultura guarani e já comentando que tinha assinado um contrato com a Editora FTD e que em breve teria um livro publicado, e hoje o livro já está a venda,- Contos dos curumins guaranis.
por isso é que é importante os filhos acampanharem a gente e como sempre dei palestra e ele junto comigo foi seguindo o mesmo caminho, palestrante, escritor e hoje cantor e campositor.
Aliás nas plataformas podem ouvir as músicas dele- kumi mc

Olivio Jekupe

terça-feira, 3 de março de 2020



As queixadas e outros contos guaranis, um livro de 5 autores guarani, onde eu fui o arganizador, e também  o livro dos meus filhos- Contos dos curumins guaranis, os dois livros da Editora FTD.


No encontro criança esperança meu filho Jeguaka Mirim o conhecido como kunumi mc foi convidado pra participar e ao lado do grupo estava essa grande atriz, bom, quem conhece sabe quem é?????????



Em 2010 tivemos o prazer de mostrar o nosso coral da aldeia krukutu no programa da Katia na tv gazeta, foi um ótimo evento pra mostrar um pouco da nossa música cantada na aldeia.
As crianças agora já são todos os adultos, pois agora já se faz 10 anos desse encontro.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Livro na tv

Livro na TV


Eu estava assistindo a novela- malhação da globo que passa sempre a tarde e por conhecidencia ao ver o ator conversando e ele segurara um livro, e que é bom, pois é uma forma de mostrar a literatura e as crianças seguirem no mundo da literatura, mas de repente eu vejo a capa do livro e fiquei emocionado porque o nome do livro é- Kunumi guarani, editora panda books, e por minha alegri é o livro do meu filho- Werá Jeguaka Mirim

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O presente de Jaxy Jaterê



Esse é um dos meus livros que falo sobre o Jaxy Jaterê, sei que esse livro é muito bom, e por isso recomendo aos professores, pois através dele poderá entender melhor sobre a questão do Saci, uma história que é indígena, mas nem todos sabem dessa versão, e o livro é bilingue, guarani e português.
E quem quiser comprar o livro pode entrar direto no whatsap da editora panda books, 11- 963985172.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

A invasão

                                                             A invasão

pois é meus amigos-as, agora no ano de 2020 em Abril irei lançar meu novo livro, a invasão, um livro que esperei por muitos anos a publicar, pois aqui no Brasil é muito difícil uma editora publicar livros crítico e por isso eu tive a paciência de aguardar por mais de 15 anos com esses textos onde guardei e até que nesse ano uma Editora corajosa me procurou e disse que queria pulicar um livro comigo, e falei que tinha textos críticos também, e aí me disse que quer um livro crítico. Ao ouvir aquilo fiquei feliz. É um livro que tenho certeza que será muito importante chegar nas mãos de professores e que poderá ter uma visão mais crítica, pois o Brasil foi invadido e até os dias de hoje nosso povo sofre, por isso estou feliz.  E espero que voce ao ler esse livro goste também, obrigado a todos.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020




                                                          O grande lider

Ângelo Kretã, um dos grandes lideres que tivemos mas que foi assassinado assim como muitos indígenas desde 1500, foi morto numa emboscada no ano de 1980, dia 29 de Janeiro, ele se foi mas deixou a saudade de suas lutas, sua garra em defesa dos parentes, esse Kaingang que morreu brutalmente nunca será esquecido, porque temos que lembrar sempre dele, e sua morte aconteceu mas a luta continua, como ele disse antes"podem matar Ângelo Kretã, mas sempre terá outros lideres", e assim é a vida e até os dias de hoje a luta continua e lideres indígenas sempre estão surgindo e continuando em defesa dos parentes.
Em 2020 faz 40 anos que ele se foi, mas nós indígenas sempre falaremos desse grande líder que faz parte da história, que lutou muito, e na época da ditadura, uma época cruel.
e em homenagem.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019




Pois é, o filme , meu sangue é vermelho com a participação do cantor Criolo, foi premiado nos Estados unidos no mês de Novembro de 2019 e tambem em Roma, o filme mostra o massacre dos povos indígenas, pois o cantor kunumi mc, cantor de rap usa esse estilo de música hoje como umaz forma de defesa para nosso povo que sofre tanto, e ainda mais agora que estamos vivendeo uma das piores crises politiucas do Brasil, por isso através do rap acredito que kunumi mc e outros indígenas irão mostrar suas voezes em defesa de todos pela demarcação já


   Demarcação Já- Direitos já.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

[#SACI100] OLÍVIO JEKUPÉ – SACI, PROTETOR DA FLORESTA

aw
Por Olívio Jekupé
Na cultura Guarani temos um personagem que se chama Jaxy Jaterê. Esse personagem segue a imagem indígena também, ele é o protetor da floresta e não gosta que as pessoas fiquem matando os animais por brincadeira. É um índio que tem duas pernas e usa um colar que lhe dá poder para fazer o que quer, ou ficar invisível se for o caso.
Ele também ajuda as pessoas quando gritam seu nome na floresta. Muitas vezes podemos ir na floresta pedir alguma coisa, mas tem que ser a noite e ele gosta que ao ir levem um pedaço de pety (fumo de corda), e gosta muito de pitar, por isso tem sempre um (petygua) cachimbo em sua mão. Mas tem que ser pedido sério, não coisa para enriquecer. Uma vez contei essa história na cidade para as pessoas e aí uma veio me falar se poderia pedir para ganhar na Tele Sena. Que doideira, claro que não. Ele existe não é para isso. Ajuda de outras formas.
Por isso nós na tekoa (aldeia) falamos do Jaterê, não do Pererê. Na língua Guarani, inclusive, Pererê é um palavrão, quer dizer peidorreiro. Nós temos o costume de ensinar as crianças sobre esse personagem Jaty Jaterê e que faz parte da nossa tradição. O que ensinamos não é um folclore, é uma história verdadeira, um personagem que nós acreditamos muito e por isso é que temos que continuar ensinado nossas crianças, assim como acontece com os não-indígenas. Como exemplo tem os católicos, acreditam em Nossa Senhora, por isso fica chato se eu falar que isso é um folclore, porque os católicos acreditam e se algo faz parte de uma crença, então, é verdadeiro, e não folclore.
Aqui no Brasil falam do saci negrinho de uma perna. Sei que esse personagem veio com as crenças africanas e na verdade também é o protetor da floresta lá, e como veio junto nas crenças, os negros usaram o nome indígena para proteger o nome africano. Por isso pegou o nome Guarani, Jaxy Jaterê para falar desse personagem. Mas pronunciaram errado e o nome Jaxy foi pronunciado Saci. Tudo bem, erro de palavras.
REPORT THIS AD

No Paraguai, por exemplo, todos falam Guarani. Tanto os índios quanto os não índios. E se você chegar lá, falar do nome Jaxy Jaterê, todos irão falar sobre ele. É que esse conhecimento indígena é comum por lá. Se for falar do negrinho de uma perna, conhecido como Saci, eles não irão falar porque não é comum. Mas é comum aqui no Brasil.
Como eu sou escritor, gosto muito de escrever sobre esse personagem da cultura Guarani, o Jaxy Jaterê, e tenho um livro chamado Ajuda do Saci. É um livro que escrevi para mostrar um pouco desse personagem tão importante na nossa crença.
Quem ler poderá ver um Saci indígena. Também tenho um livro que se chama O Presente de Jaxy Jaterê, em que conto a história de uma índia que quer pedir ajuda ao Jaxy Jaterê, fica com medo, mas resolve numa noite ir lá, leva fumo e fica na esperança de que ele ajude.
Tenho outro livro também com outro título. Tupã Mirim – O pequeno guerreiro vai contar a história de um kurumim que nasce com um braço apenas.
Ele cresce com vergonha de não ter um dos braços, mas resolve pedir ajuda ao Jaxy Jaterê. Nisso o garoto será ajudado por ele onde irá dar um braço invisível e que terá uma nova vida, mas sem poder contar aos outros. E os outros da aldeia ficam assustados por como ele pode fazer tudo aquilo.
Pretendo escrever, mais outros trabalhos sobre, porque temos que continuar acreditando nele e nossas crianças também. Como hoje temos escolas nas aldeias do Brasil é bom porque podemos continuar contando e ao mesmo tempo registrando essas histórias sobre ele, inclusive os jurua kuery (não-índios).
Na verdade cada povo tem uma crença num protetor da floresta. Nós Guarani acreditamos nesse personagem que tem o nome de Jaxy Jaterê, e outras etnias indígenas tem a mesma crença num protetor da floresta, mas na língua deles, com outro nome. Já no mundo africano acredito que seja assim também, por isso o negrinho de uma perna como é ensinado, é o protetor da floresta também.
Na Ásia acredito que tem povos também que acreditam num protetor da floresta, mas na língua deles como nomes diferentes e a visão de como é do jeito deles. Por isso se temos uma imagem, a nossa crença fica do jeito que acreditamos desde os ensinamentos dos antigos.
Por isso é importante que as pessoas aprendam essas duas histórias. Que saibam sobre o Saci negrinho de uma perna, contada até os dias de hoje, mas que conheçam o nosso também. Os dois são importantes e isso faz com que nós indígenas e os negros sejam valorizado através das histórias que são contadas.

REPO
Olivio Jekupé é escritor, poeta epalestrante, morador da aldeia Krukutu, uma comunidade Guarani em São P


Demarcação já.

Pois é, em 2014 aconteceu a copa do Mundo mas um garoto de 13 anos dá um show com sua coragem, pedindo demarcação já. Sem dizer nada o mundo viu  Jeguaka Mirim que tinha saído da aldeia krukutu pra soltar a pomba na abertura, mas com a esperteza de outras lideranças que o preparou ele pra fazer esse ato, e que ele aceitou e conseguiu agir.
Sei que não é fácil a demarcação, pois muitos ruralistas só pensam no lucro e não quer saber dos direitos indígenas, mas não é por isso que nosso s povos no Brasil vão parar, pois desde o golpe de 1500 quando chega Pedro Alves Cabral nós sofremos mas a luta continua. Ainda mais agora que vivemos um nova era de desentendimento entre o povo no Brasil, uma era do ódio onde todos querem ingulir o outro, com racismo na cara dura.
Mas nós indígenas temos que continuar na luta e sempre falar da demarcação, pois temos que ter esse direito garantido para que não sejamos roubados ainda mais.
E hoje o garot da copa que tinha 13 anos, agora já é um garoto, mas continua na luta pela demarcação, mas cantando rap, Kunumi mc, usa a musica pra mostrar ao mundo sobre os direitos indígenas.


terça-feira, 19 de novembro de 2019




Rap como luta pela demarcação
KUNUMI MC


Pois é, surgiu o Brô mc, um grupo de Dourados em mato grosso do sul, e que através dele surgiu outros cantores, e inclusive meu filho, que canta solo, é o Kunumi mc.
Eu lembro quando fui no SESC interlagos em São Paulo pra assistir um shou do Brô e nesse dia eu levei meu filho o Jeguaka Mirim, ele tinha uns 10 anos de idade e hoje o kunumi já é maior.
Mas quero dizer que graças ao surgimento do Brô surgiu os outros e que são todos bons cantores e que usa a mesma defesa, lutar pelos direitos e demarcação através do rap.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019




Na Unicamp, eu e meu filho Jeguaka Mirim, conhecido como kunumi mc, nessa grande universidade podemos falar um pouco sobre a importância da literatura nativa, pois quanto mais falarmos aos lestudantes, aí irão entender o quanto o surgimento dos escritores indígenas têm seu grande valor.
Por isso viva a literatura nativa e os escritores indígenas que andam escrevendo sobre cultura e tantos outros assuntos para o bem do povo indígena, pois é preciso que os professores conheçam bem um povo, uma cultura para que ele seja o alicerce do fortalecimento de um povo. pois quem não conhece pode criar um forte preconceito e por isso é que os brasileiros, muitos deles são ....

Olivio Jekupe
Jeguaka Mirim- kunumi mc


terça-feira, 3 de setembro de 2019




No Rio de Janeiro, onde meu filho o Jeguaka Mirim mais conhecido como kunumi mc foi convidado para participar do programa criança esperança de 2016 e ele fez parte do conhecido lázaro Ramos, que caro humilde, vi que sua humildade é reals, por isso fiquei feliz em conhecer esse grande ator.

Gostaria de falar desses dois livros escrito pelos meus dois filhos, Tupã Mirin e jeguaka Mirim,
Começaram escrever cedo, Tupã aos 10 anos e Jeguaka aos 9, e hoje posso dizer que me sinto feliz de ver os dois escrevendo uma literatura nativa, e que com isso irá mostrar um conhecimento que muitos nas cidades não sabem e ao mesmo tempo poderá insentivar outros garotos indígenas a escreverem tambem, pois nós indígenas podemos morar nas aldeias mas podemos escrever também, pois somos um povo capaz e não burro como sempre mostraram nas histórias, e por isso nos chamam de primitivo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Literatura nativa em andamento.

Bom, nós autores indígenas temos que continuar escrevendo uma literatura nativa em que possamos conscientizar a sociedade e mostrar nosso valor como escritor, pois nós por morarmos e vivermos com nosso povo, temos  que ter orgulho de escrever, porque a sociedade nos discrimina muito e através da literatura nativa podemos mostrar que também somos um povo capacitado, que podemos ser escritor, sem deixar de ser indígena, e que podemos crer na nossa cultura, pois não é por ser um escritor de renome que deixaremos de ser o que é e desvaloriza nossa gente, aliás, aí é que temos que valorizar ainda mais. Temos que crer na nossas crenças, e nunca deixar de crer só por ser conhecido no mundo dos não indígenas, sendo assim mostraremos ao mundo que nossa cultura é forte e por isso a importancia da literatura nativa, e que ao mesmo tempo possa chegar nas escolas das aldeias.
E a lei 11.645 está aí, onde tem que falar sobre os povos indígenas, por isso a literatura nativa tem essa missão trazer conhecimento aos que irão falar sobre povos indígenas, pois na verdade antes de existir a lei, já se falava, mas falava coisas que até nos assusta, e que acredito que por falar muitas coisas preconceituosas é que o preconceitos aumentou.
Por isso é importante conhecer escritores indígenas que estão na area com trabalhos publicado.
OLIVIO JEKUPE, YAGUARE, RONI, CRISTINO, TUPÃ MIRIN,
MARIA KEREXU, JEGUAKA MIRIM, KEREXU MIRIN, ELIANE POTIGUARA, AILTON KRENAK, MARCOS TERENA, JAIDER, VÃGRI, FÁTIMA KEREXU.
Esses são alguns que cito, mas tem outros que escrevem, e outros que estão tentando publicar seus trabalhos.

OLIVIO JEKUPE- ESCRITOR DE LITERATURA NATIVA E PALESTRANTE E MORADOR DA ALDEIA KRUKUTU- SÃO PAULO, MAS NATURAL DO PARANÁ.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

materia que fala sobre o meu filho, o pequeno escritor e cantor de rap indígena, de uma olhada e veja a materia.



https://jornalistaslivres.org/2017/02/muito-alem-da-aldeia/

terça-feira, 1 de novembro de 2016

pai e filho no mundo da literatura nativa

bom, meus amigos, eu e meu filho fomos falar um pouco sobre a literatura nativa numa escola e cmo sempre meu filho junto comigo aproveitou e mostrou seus livros, também mostrei os meus, depois comentei sobre a importância da literatura escrita por autores indígenas, em seguida meu filho o kunumi mc aproveitou e cantou também umas de suas músicas, pois ele também é cantor de rap e campositor.
bom, quem quiser palestra com nós dois é só nos comunicar. 11-998459268 whatsap.

OLIVIO JEKUPE- ESCRITOR E POETA
JEGUAKA MIRIM- ESCRITOR, TRADUTOR, CAMPOSITOR E CANTOR DE RAP E MÚSICAS GUARANI-

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

foi maravilhoso ter recebido um convite para participar de um evento na unicamp, e foi eu e meu filho Jeguaka Mirim o pequeno kunumi escritor e cantor de rap.

terça-feira, 22 de setembro de 2015



esse é um dos meus novos livros, ele conta uma bela história onde poderão conhecer o saci, que na verdade esse personagem é um índio, o protetor da floresta, que ajuda a quem pede seu apoio. mas quem ler esse meu novo livro, aos poucos irão entender que a história do saci mostrada no Brasil é bem diferente daquela mostrada pelo monteiro lobato.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

quinta-feira, 21 de maio de 2015

 
ESSE LIVRO FOI EDITADO EM 1999, POR ISSO PUBLIQUEI COM ESSE TITULO- 500 ANOS DE ANGÚSTIA, UM LIVRO DE POEISAS, MAS MUITO CRÍTICO, POR ISSO A DIFICULDADE DE PUBLICAR NUMA EDITORA E POR ISSO ESTOU REEDITANDO MAIS UMA VEZ NUMA EDITORA INDEPENDENTE, E QUEM QUISER COMPRAR O LIVRO PODERÁ ENCONTRAR AQUI NA ALDEIA MESMO, OU PELO CORREIO.
OBRIGADO.

www.oliviojekupe.blogspot.com


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O valor histórico da literatura nativa

Jornal GGN – O Pindorama entrevistou Olívio Jekupé, autor de literatura nativa com vasta obra, que compartilha a sua cultura ancestral à partir da própria vivência. “Comecei a escrever em 1984, eu era garoto, bem na época da ditadura, e naquela época aconteciam muitas coisas contra os povos indígenas, muitas invasões, mortes, estupros e era uma época que nada acontecia pra mudar essa situação, e eu achei que teria que escrever algumas coisas a respeito”.
Enviado por Nilva de Souza
Entrevista: Olívio Jekupé
Por Francélia Pereira
Do Pindorama
Na Grécia Antiga, Homero reuniu as histórias da cultura oral de seu povo em suas obras Ilíada e Odisseia. Essas obras foram registradas através da escrita imortalizando esse conhecimento e inaugurando uma nova fase que fortaleceu as bases para o desenvolvimento da cultura helênica.
Aqui no Brasil também temos nossos Homeros, eles são os autores da Literatura Indígena, um “novo” gênero que vem ganhando espaço em nossa sociedade, registrando através da escrita a cultura ancestral da nossa terra.
Antes da Literatura Indígena, o que havia eram pesquisadores e curiosos que tentavam registrar a cultura ancestral em obras que descaracterizavam as narrativas e, como disse Daniel Munduruku:
Os conhecimentos de nossos avós foram deixados para nossos netos de forma oral como uma teia que une o passado ao futuro. Esta fórmula pedagógica tem sustentado o céu no seu lugar e mantido os rios e as montanhas como companheiros de caminhada para nossos povos. Tais conhecimentos, em forma de narrativas – chamado mitos pelo ocidente – foram sendo apropriados por pesquisadores, missionários, aventureiros, viajantes que não levaram em consideração a autoria coletiva e divulgaram estas histórias não se preocupando com os seus verdadeiros donos. (Fonte: Povos Indígenas no Brasil)
Mas hoje podemos contar com autores que vivem a cultura ancestral desde o nascimento, o que garante autenticidade às obras. Dentre esses autores já surgem grandes nomes, como Daniel Munduruku, Kaká Werá, Eliane Potiguara e Olívio Jekupé.
Autor de obras como Xerekó Arandu: A morte de Kretã, O Saci verdadeiro, Iarandu o cão falante, Tekoa, As queixadas e outros contos guarani, entre outras, Olívio Jekupé tem registrado a cultura de seu povo e trabalhado no sentido de garantir que as novas gerações possam dispor de um material de qualidade, que tenta mostrar ao leitor uma História do Brasil sob a visão dos povos ancestrais da nossa terra.
Ficamos honrados em ter conseguido uma entrevista com Olívio Jekupé, autor que merece grande respeito e admiração, pois seu nome já entra para a nossa História como um dos pioneiros na Literatura Indígena do Brasil, que o autor prefere denominar como Literatura Nativa.
Segue a entrevista.
PINDORAMA – Você escreve desde a década de 80 e a Literatura Indígena só começou a ganhar algum destaque a partir da década de 90, o que o torna um dos escritores mais antigos nesse gênero. Fale um pouco sobre sua trajetória na Literatura. O que o levou a começar a escrever? Houve algum tipo de incentivo no início de sua carreira? Como foi seu contato com outros escritores da Literatura Indígena?
OLÍVIO JEKUPÉ – Bom, gosto de falar que nós indígenas escrevemos literatura nativa, literatura indígena é outra coisa.
Mas quero dizer que comecei a escrever em 1984, eu era garoto, bem na época da ditadura, e naquela época aconteciam muitas coisas contra os povos indígenas, muitas invasões, mortes, estupros e era uma época que nada acontecia pra mudar essa situação, e eu achei que teria que escrever algumas coisas a respeito, por isso comecei a escrever poesias defendendo nosso povo, era uma forma de eu desabafar, pensava, porque eu ficava com ódio de saber das coisas que aconteciam no Brasil, por isso vi que a vida de um escritor seria muito importante, porque a gente poderia se defender através da escrita, mas naquela época nunca tinha ouvido falar de um escritor indígena, eu lia muitos livros sobre índio, mas eram trabalhos de antropólogos e historiadores. Por isso eu lia e aprendia muito com isso, mas acreditava que nós indígenas tínhamos capacidade pra escrever também, mas foi uma luta; escrevia, mas nada de conseguir publicar um livro; só 9 anos depois eu consegui publicar meu primeiro livro, como não tinha nenhuma chance de publicar um livro então eu procurei uma editora que publicasse independente, e assim fiz. E foi através de um livro pago por mim mesmo que publiquei um trabalho, alias outros livros também foram assim, diferente de hoje onde algumas editoras me procuram e outros autores indígenas de renome internacional também são procurados.
PINDORAMA – Em suas entrevistas fica sempre evidente sua preocupação em relação à formação dos professores quanto ao conhecimento da História e da cultura indígena. Fale um pouco sobre suas obras voltadas para a Educação.
OLÍVIO JEKUPÉ –  Sempre acreditei que os professores tem que ser os primeiros a lerem nossos livros, porque sei que nosso País, a questão indígena é muito pouco conhecida e sei que se os professores não tiverem conhecimento irão inventar histórias e mais histórias, e com isso pode crescer ainda mais o preconceito que se tem no Brasil.
Por isso minhas obras todas mostram um conhecimento, e sei que poderá ajudar muito os professores, assim como os livros de outros autores. Pois o mundo indígena tem que ser conhecido mesmo, por isso, é que falo que a lei 11.645 está aí, os professores são obrigados a falarem sobre os povos indígenas, mas o que eles irão falar? E como hoje existem vários escritores indígenas, é importante que as secretarias de educação possam conhecer os escritores indígenas que tem no momento, índios que são da cidade e os índios das aldeias, e que irão mostrar conhecimento do seu povo, isso é, cada índio escritor pertence a uma nação, por isso sei que ele seguirá o seu costume.
PINDORAMA – A cultura nacional tem se enriquecido muito com a produção dos autores da Literatura Indígena que, felizmente, tem crescido a cada dia. Mas esses trabalhos ainda não alcançaram um lugar de destaque no mercado, o que, infelizmente, acontece com a maioria das obras de qualidade em nosso país. Você acredita que essa situação possa mudar? Como?
OLÍVIO JEKUPÉ –  Sim, eu sei que está crescendo, mas como eu sou um dos antigos escritores, naquela época nem existia, mas hoje tá surgindo cada vez mais um escritor indígena.
Mas sei que esse crescimento é lento mesmo, mas não devemos desanimar, porque o fruto já foi plantado e agora ele irá crescer aos poucos, mas que cresça com força, com algo que ajude mesmo, que é a conscientização.
PINDORAMA – Seus filhos, Werá Jeguaka Mirim e Tupã Mirin também estão produzindo obras literárias. Fale um pouco sobre os trabalhos deles.
OLÍVIO JEKUPÉ –  Sim, os dois estão escrevendo, sei que eles são novos, mas desde pequeno eu conto histórias pra eles, e minha mulher também sempre contou, e nisso logo que eles aprenderam a escrever, não demorou muito tempo e os dois começaram a escrever, e os dois tem um livro publicado juntos, que se chama: Contos dos curumins guaranis, editora FTD, e o Werá Jeguaka Mirim tem um livro sozinho pela editora panda books, que se chama, Kunumi Guarani. Mas acredito que esse ano eles irão publicar mais algum livro. E para os meus filhos está sendo mais fácil, como as editoras estão abrindo caminho pra esse tipo de publicação, meus filhos entram com mais facilidade, eu vejo os textos deles e mando pras editoras e se gostarem aí eles publicam, aliás, meu filho Werá Jeguaka Mirim ficou muito conhecido por fazer parte da abertura da copa e no momento ele estava com uma faixa escondida e que saiu no mundo todo, e a faixa estava escrito demarcação, foi um ato muito corajoso por parte dele que até eu fico emocionado quando vejo os vídeos na internet. Aliás, eles são os escritores indígenas mais jovens do Brasil, e quando eles assinaram o contrato pela primeira vez com a editora FTD, o Tupã tinha 11 anos e o Werá tinha 10.
PINDORAMA – O processo histórico da formação do Brasil envolve a chegada de povos estrangeiros que trouxeram suas culturas e, em contextos diversos, acabaram se apropriando do território e impondo seus estilos de vida. A cultura nativa da nossa terra acabou sendo “silenciada”, mas nunca morreu; e mesmo entre os brasileiros que não vivem em aldeias essa cultura ainda pode ser observada na forma como falamos, nas histórias contadas por nossos avós, nos nomes de ruas, rios, cidades, alimentos; na nossa música e no nosso jeito de ser. Isso acontece porque nossa Nação vem de uma matriz indígena, já que os estrangeiros que aqui chegam desde 1500 acabam gerando filhos com a população desta terra, filhos que carregam em seu sangue a ancestralidade indígena. Mas poucos conseguem ter consciência dessa ancestralidade e, infelizmente, ainda enxergam os povos que nossa sociedade chama de “indígenas” como estrangeiros no Brasil, o que gera discriminação e preconceitos. Você acredita que a Literatura Indígena pode contribuir para um maior esclarecimento da população brasileira quanto às nossas origens, e você acredita que isso possa ajudar a conscientizar a sociedade brasileira sobre a importância de preservar o conhecimento ancestral?
OLÍVIO JEKUPÉ –  Com certeza, pois essa é a missão da literatura nativa como falo, trazer conhecimento pra todos os brasileiros, e que possa valorizar ainda mais os povos indígenas, porque aqui no brasil a discriminação é muito grande e muito por falta de conhecimento, e com nossos livros chegando nas mãos dos brasileiros eu acredito que isso vai mudar aos poucos. E ao mesmo tempo, é importante que chegue nas aldeias também, porque os governos dos estados enviam livros direto pras aldeias, mas eles enviam livros que não tem nada  a ver com a cultura indígena e isso é mal, porque enquanto os brasileiros estudam a cultura indígena, os indígenas estão estudando literatura dos não indígenas, e as crianças nas aldeias precisam estudar cultura tradicional. Sei que hoje no Brasil temos muitos escritores indígenas até famosos no mundo internacional e nacional, e sei que isso faz com que a sociedade valorize ainda mais o nome indígena que é tão maltratado pela sociedade.
PINDORAMA – Hoje há uma tendência entre os novos autores de utilizar elementos da cultura indígena em seus trabalhos. Desde o lançamento de Meu destino é ser Onça, de Alberto Mussa, muitos autores procuram desenvolver uma pesquisa antes de concluir suas obras. Esse processo é muito importante para que, cada vez mais, a sociedade brasileira conheça e, assim, possa respeitar as tradições ancestrais; mas também torna mais importantes ainda as obras produzidas por autores da Literatura Indígena, como você e muitos outros escritores indígenas, já que por mais séria que possa ser uma pesquisa ela jamais substitui a experiência de viver a cultura ancestral desde a infância, como é o caso de vocês, e, dessa forma, suas obras estão se tornando referência no sentido de preservar o conhecimento e a cultura ancestral em seu estado mais autêntico, sem as distorções que ocorrem em trabalhos de admiradores da cultura que, muitas vezes, não a compreendem direito. Qual é a sua opinião sobre esses novos trabalhos?
OLÍVIO JEKUPÉ – Sim, é verdade o trabalho hoje entre muitos pesquisadores; muitos deles me procuram, assim como outros autores indígenas que são procurados, pois isso é importante porque mostra que nossa literatura nativa está sendo valorizada cada vez mais, pois um trabalho de campo tem que ser muito bem feito e eu sei que nosso conhecimento pode ser respeitado, e nós que vivemos numa aldeia sabemos de como é o dia a dia na comunidade e por isso nossa literatura tem seu valor com isso; pois escrevemos seguindo um aprendizado cotidiano, não uma ficção em cima de outra ficção, e que com isso pode ser criado coisas que não faz parte da realidade, e do contrário pode trazer preconceito.
PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE AS OBRAS DE OLÍVIO JEKUPÉ:
E-mail: oliviojekupe@yahoo.com.br
Blog: www.oliviojekupe.blogspot.com

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

 
 
Werá Jeguaka Mirim, o pequeno escritor e que esse ano publicou dois livros, um - Kunumi guarani editora panda books, outro é - Contos dos curumins guaranis, editora FTD
Sei que muitos já devem ter ouvido falar desse pequeno guarani que fez parte da abertura da copa de 2014
bom, agora podem conhecer o livro dele
 
 
 
 
 






Bom, já esse livro acaba de ser publicado- 2014, é um dos meus novos livros e acredito que vai ser de grande leitura para os alunos e aos professores do Brasil.
É da editora Leya.


domingo, 10 de novembro de 2013

A Mulher que virou Urutau

http://www.youtube.com/v/z0AK_YEziPQ?version=3&autohide=1&autoplay=1&showinfo=1&attribution_tag=jjZsw3SDtMCrD_JyFvPQ1A&feature=share&autohide=1

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Flipinha em Julho de 2013- Olívio Jekupe Notícia Autores debatem na Flipinha a origem de suas histórias 10/07/2013 15:50:12 Ricardo Ramos Filho e Olivio Jekupé compartilharam com público o modo como trabalham narrativas Neto de Graciliano Ramos, escritor homenageado na 11ª Flip, Ricardo Ramos Filho contou para o público da Flipinha na sexta-feira (5) de onde surgem suas histórias para livros e contos. O encontro também teve presença do autor indígena Olivio Jekupé e foi mediado por Bernadete Passos, da Associação Casa Azul. Ramos disse que as histórias podem surgir de lugares variados, como por exemplo um menino triste porque seu cachorro morreu. “A literatura nasce da atenção do escritor com o mundo à sua volta”, disse. “A ideia começa a atormentar a cabeça dele, então é hora de pôr para fora no papel.” Jekupé, por outro lado, aposta na tradição oral de seu povo para contar histórias. “Sempre houve escritores indígenas, mas não escritores de papel”, comentou o autor, que estava acompanhado de dois dos seus filhos. “O que eu fiz foi pôr no papel essa tradição antiga.” Ramos ainda lembrou a importância de ler muito para poder escrever, além de uma disciplina na profissão. “Não acredito em inspiração, acredito em trabalho. Os escritores têm primeiro o trabalho mental, na hora de inventar histórias, mas depois tem que sentar e escrever.” Para Jekupé, a imaginação precisa ser livre para surgirem boas histórias. “Quando meu filho era pequeno, contava muitas histórias para ele na hora de dormir. Mas um dia as histórias que eu sabia acabaram, então tive que inventar novas”, revelou.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

olivio jekupe na flipinha

dia 4 de julho- flipinha nesse dia estarei dando uma palestra na flipinha em paraty, por isso me sinto orgulhoso e poder falar com os ouvintes que desejam conhecer um pouco da literatura nativa, e que tenho certeza que podemos mostrar muitas histórias lindas, por isso quem puder ir me conhecer e ver meus livros estejam lá. mas também estarei passeando pela aldeia paraty mirim, pois quem for de fora e que não conhecem a aldeia, de uma passada por lá também e poderá comprar alguns livros dos nossos parentes guarani. bom, até lá então, e sucesso pra todos os escritores que estarão lá mostrando seus belos trabalhos... olivio jekupe.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

associação dos escritores e artistas indigenas

O sucesso da literatura nativa- lento mais andando. Além da própria aldeia Escritores indígenas publicam produções bilíngues e mostram que a língua nativa também deve ser registrada Aline Salgado Desde 2003, com o Encontro Nacional de Escritores Indígenas, promovido pelo Salão do Livro Infantil e Juvenil, escritores indígenas começaram a aparecer mais, seja por meio de poesias, romances, ficções ou filosofia. E o melhor: em português e em suas línguas nativas. Restritos até o momento à literatura infantil, os livros bilíngues deverão ser encontrados nas bibliotecas das escolas do país nos próximos anos. Com a lei que incluiu o ensino da cultura e da história indígena e africana na sala de aula, os professores precisarão de recursos para trabalhar a temática. Pelo menos é o que esperam os escritores indígenas, como Olívio Jekupé. Morador da aldeia Krukutu, em São Paulo, Olívio escreve desde 1984 e já lançou nove livros, sendo dois bilíngues: Ajuda do Saci (Ed. DCL) e A mulher que virou Urutau (Ed. Panda books). “Alguns acham bonito publicar na língua nativa porque acreditam que o branco na cidade vai gostar. Mas, como tudo depende de preço, a produção bilíngue acaba ficando restrita à literatura infantil”, avalia Olívio, que torce por uma mudança vinda do governo. “Quando o Estado compra os livros e manda para as aldeias, ele acaba estimulando a produção e o aparecimento de mais índios escritores. Lendo o que produzimos, os professores têm uma base maior de conhecimento para transmitir aos alunos, contribuindo para acabar com o preconceito contra o nosso povo, ainda visto como atrasado e preguiçoso”, destaca Olívio. Principal nome do movimento de autores indígenas, Daniel Munduruku acredita que será preciso, no entanto, pelo menos uma década para que a lei de 2008 comece a surtir o efeito esperado: o fim do estigma contra os índios. “Só com a formação de educadores com uma visão diferenciada sobre os índios é que teremos uma mudança na sociedade. Como a lei é federal, é preciso que o governo federal exija a atualização desses professores também, algo que nós não temos encontrado nas secretarias de Educação”, critica Munduruku. Leia também Entrevista com Daniel Munduruku Dossiê 'Somos índios' Segundo o Censo 2010 do IBGE, 896 mil índios, de 305 etnias, vivem no Brasil preservando 180 línguas nativas. Desse total, apenas 35 são escritores, de acordo com dados do Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas, vinculado ao Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual. Segundo a instituição, estima-se que a produção literária chegue a pouco mais de 200 publicações, incluindo produções impressas por universidades e nas aldeias. Da etnia potiguar, a escritora e professora da UPE, Graça Graúna, defende a criação de uma política editorial de Estado para estimular a produção literária indígena. “Vivemos um boom da literatura indígena hoje, mas poderia ser melhor”, argumenta ela. “Infelizmente há ainda muito preconceito literário no mercado. Se as editoras se abrissem mais para as produções bilíngues, acabaríamos com o estigma, porque cada palavra que escrevemos tem alma”.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Escritor defende literatura indígena para embasar estudo de culturas tradicionais Publicado 19 de abril de 2013.São Paulo (SP) – Quando era professor, Olivio Jekupe precisava provar para os alunos que tinha conhecimento da disciplina para que os estudantes passassem a respeitá-lo. “Quando eles duvidavam, eu começava a falar difícil e eles não entendiam nada”, relembra sobre a época em que precisou lecionar para se sustentar como estudante de filosofia. Hoje, é Olivio que se preocupa com a preparação dos professores. Na semana em que lança o seu 12º livro de literatura, o índio guarani defende a difusão das obras escritas por indígenas como forma de embasar o estudo da história e da cultura desses povos nas escolas. “Os professores vão ter que falar sobre nós. O que eles vão falar? Se não têm assunto, eles vão falar um monte de besteiras sobre a gente. Então, por isso, que é importante o surgimento dos escritores indígenas”, diz Olivio a respeito do cumprimento da Lei 11.645 de 2008, que determina a inclusão das culturas negra e indígena no ensino médio e fundamental. Nascido em 1965, em Nova Itacolomy, interior do Paraná, Olivio começou a estudar filosofia em 1988, na Pontifícia Universidade Católica de Curitiba. Morava de favor com uma família da etnia Kaingang e vendia artesanato para se sustentar. Encorajado pelos amigos, começou a dar aulas para o ensino fundamental. Com dificuldades financeiras, veio para a capital paulista, para estudar gratuitamente na Universidade de São Paulo (USP). Apesar de ter investido mais quatro anos na filosofia, não conseguiu concluir o curso. “Vim para a USP porque era de graça, mas piorou, ficou mais caro, porque na USP o curso de filosofia é muito pesado. Na USP você tem que ler muito e gasta em tudo”, lamenta. Olivio permaneceu na cidade e se consolidou como escritor. Atualmente, não só escreve, como incentiva outros índios nos rumos da literatura. Assim, ele acredita que vai conseguir derrubar as mentiras que foram ditas contra os povos da terra ao longo dos últimos séculos. Inverdades concretas nos monumentos que adornam a cidade de São Paulo “É um absurdo. Você passa em Santo Amaro e vê o [bandeirante] Borba Gato. Depois tem o [bandeirante] Anhanguera. A história mostra que eles eram grande heróis porque matavam índios” reclama. “É por isso que a literatura [feita pelo] índio aos poucos vai chegando e os escritores indígenas vão começar a desmascarar essa coisa”. Morador da aldeia guarani Krukutu, em Parelheiros, extremo sul da capital paulista, Olivio conta que ao montar a sua última coletânea, As Qeixadas e Outros Contos Guarani, incluiu entre os escritores até mesmo a própria mulher, que é analfabeta. Segundo ele, uma forma de adaptar os contadores de história guarani aos novos tempos. “Havia os índios com o dom de guardar as histórias na cabeça, não é todo mundo que tem esse dom”. Para ele, a incorporação dos saberes e das tecnologias dos brancos é uma maneira de defender a cultura dos povos tradicionais. “Quando não tinha nada disso, eles falavam que o índio é atrasado. Quando a gente começa a pegar tudo isso, eles falam que o índio é aculturado, que está perdendo a cultura. Não, não está perdendo. Essas coisas que a gente usa hoje são uma forma de defesa”, disse na entrevista à Agência Brasil, que foi marcada pelo Facebook. Segundo o escritor, as bases da cultura indígena são a língua e a religião. Se isso for mantido, todo o resto pode ser usado para fortalecer a comunidade. Ele compara o uso das tecnologias pelos índios à maneira como os brancos se apropriaram dos saberes tradicionais dos índios, como a farinha de mandioca, a pamonha e o hábito de dormir em redes. “A tecnologia que os brancos inventaram a gente tem que usar para o bem. Assim como os brancos pegaram muita coisa dos índios e não fez mal”, enfatiza. “Temos computador, tem gente com celular, tem gente com Facebook, com e-mail. Hoje, a gente usa tudo isso, às vezes melhor do que os brancos”. Olivio explica que, além da literatura indígena, a aldeia tem outras ações para difundir a cultura guarani. “A gente tem um coral. A escola que quiser é só entrar em contato com a gente, que nós vamos até a escola, damos uma palestra e fazemos uma apresentação do coral para as pessoas entenderem como é a música guarani”, ressalta, sobre o trabalho que é gerido pela associação da comunidade. A organização jurídica formal foi a maneira encontrada pelos moradores da Krukutu de fortalecer a liderança tradicional do cacique e também garantir autonomia da aldeia, poder tratar dos próprios negócios sem intermediação da Fundação Nacional do Índio (Funai). Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 25 de março de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Escritores indígenas falam da importância da literatura nativa para a educação das crianças 12. 02. 2013 Literatura Olivio Jekupé contando histórias para crianças Por Carolina Cunha As crianças indígenas crescem ouvindo histórias contadas pelos velhos da aldeia. Escutá-las é parte fundamental de seu processo de educação. Essa cultura, que faz parte das raízes do povo brasileiro, também pode ser encontrada nos livros. O SaraivaConteúdo conversou com Daniel Munduruku e Olívio Jekupé, dois escritores que nasceram em aldeias e hoje escrevem literatura infantojuvenil de temática indígena, obras cada vez mais comuns nas livrarias e escolas. “Há uma mudança significativa no modo como o país vê seus povos ancestrais”, acredita Daniel, um dos principais escritores da literatura infantojuvenil do país. Nascido na Aldeia Maracanã (PA), ele já foi professor e contador de histórias. Estudou filosofia e hoje se empenha em preservar a cultura oral dos antepassados. Lua se esforça para entender a arte de fazer chover. Já Kabá Darebu aprendeu com os pais a olhar o voo dos pássaros para ver as notícias do céu. Os dois fazem parte da galeria de personagens de Daniel, inspirados nas histórias que aprendeu ainda garoto, com os pais e avós. “Me sinto como um educador que escreve. Costumo dizer que escrevo filosofia para crianças de todas as idades. Um adulto, se quiser ler meus livros, terá que fazer um exercício para ouvir suas vozes ancestrais. Isso as crianças fazem sem esforço”, diz o escritor. O elemento que costura grande parte das narrativas indígenas são os mitos, transmitidos desde tempos imemoriais. Para Daniel, essas histórias devem ser lidas com o coração e podem nos ajudar a compreender o mundo e a crescer de forma mais equilibrada. “O ser humano é formado por estes elementos que as histórias trazem: coragem e medo; amor e desamor; sofrimento e alegria. Somos forjados por sentimentos que se desdobram dentro da gente. Parte disso se dá por conta da construção dos mitos que carregamos conosco. Eles nos ajudam a compreender a nossa humanidade e a de outras pessoas”, diz o escritor. No caso da cultura indígena, as histórias mostram a força da natureza, a diversidade cultural, o respeito aos antepassados, a origem das coisas, os desafios de ser criança e tomar decisões. “Somos parte de uma teia que se inscreve dentro de cada pessoa. Somos PARTE, não donos. É isto que essa literatura que escrevemos traz de novidade: ela lembra que não podemos ser arrogantes, nos considerando o ápice da natureza. A educação só fará sentido se contribuir para que as crianças pensem uma forma nova de mantermos o planeta vivo. É isso que, de certa forma, os povos indígenas brasileiros continuam a nos ensinar”, diz o escritor. Ilustração do livro O Segredo da Chuva UMA ALDEIA GUARANI CHEIA DE HISTÓRIAS “Os índios comem seres humanos?”. A primeira vez que Olívio Jekupé escutou essa pergunta, ele ficou assustado. Percebeu que o preconceito e a falta de conhecimento das crianças sobre como os índios vivem ainda era muito grande. Morador da aldeia guarani Krukutu (SP), O escritor Olívio Jekupé já tem 13 títulos infantis publicados. Em sua comunidade, atua como educador e monitor de escolas visitantes. “A criança tem medo dos índios, e a literatura tem o poder de quebrar esse preconceito. Hoje nós somos poucos no Brasil. Somos apenas 500 mil. Pelos livros, ela vai entender mais da nossa cultura”, diz Olívio. Uma das obras de Jekupé é a Ajuda de Saci, na qual ele apresenta a lenda do protetor da floresta, que muitos não sabiam que veio dos guaranis. Em suas histórias, o escritor fala de mitos e de como muito da cultura brasileira – o chimarrão, o churrasco, o açaí, a farinha de mandioca, entre outros – veio dos primeiros habitantes do continente. Na aldeia Krukutu, as crianças são alfabetizadas em guarani e brincam o tempo todo. Desde pequenas, já aprendem a conviver com a natureza. Acender fogueira, pescar no rio, fazer armadilha, caçar. À noite, é comum os filhos irem para o Opy, a Casa de Reza. Nessa grande oca, existem os momentos de cânticos e cura, mas também de contação de histórias. “Nossos filhos sempre ouviram histórias. Só que antes, os livros eram os pajés. Graças aos antigos é que temos nossa história viva. Digo que o povo indígena sempre foi escritor, só que não sabia escrever. Hoje, a criança escuta, mas ela também lê”, diz Olívio. De tanto escutar histórias, o filho de Olívio, Jeguaká Mirim, decidiu seguir os caminhos do pai. Aos onze anos, ele acaba de escrever o seu primeiro livro. “Falo de um menino que viu a árvore falando sozinha, ele viu que a árvore estava com sede e foi trazer água. Ele tinha um pouco no copo, mas tomou tudo. E a árvore ficou muito triste”, diz o garoto, com dificuldade em se expressar em português. Assim como seu filho, Olívio acredita que as crianças sempre gostam de falar da natureza. “Elas gostam de bicho, da lua, do sol, das árvores. É dessa forma que a gente fala e enxerga o mundo. A vida da gente todo dia é uma história!”.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de junho de 2012Vida que Brinca e Informa Por Alcione Pauli e Maria Lúcia C. Rodrigues “Mais importante que as dores no corpo foi a liberdade que jamais tinha experimentado.” (Olívio Jekupé) Guerreiro da nação Guarani, Olívio Jekupé viajou pelo mundo e escreveu alguns livros. Escreve por acreditar que a tecnologia da escrita pode apresentar um olhar singular sobre os misteriosos povos indígenas. Ao apresentar “Tekoa conhecendo uma aldeia indígena”, Olívio nos convida a conhecer o mundo visto pelo povo guarani. Para fazer esta viagem o autor cria personagens fora da Tekoa e os insere lá no lugar no qual vivem os guaranis - conforme suas leis e costumes - para um mergulho silencioso e cuidadoso nos ritos e mitos que circulam nos alimentos, nos eventos e nas relações. Os personagens Eduardo e seu filho Carlos, Mirim e seu pai Tucumbó são os que fazem a informação aparecer. Carlos é um menino de São Paulo que passa um mês com o menino Mirim, filho do Cacique Tucumbó. Mirim apresenta tudo ao Carlos sem pressa. Passeia entre as bananeiras e os rios e vai ensinando coisas de seu povo. Sem querer ensinar revela os segredos que pode soltar. Carlos é envolvido pelo pio da Coruja e adormece entre os guaranis. Depois de um sono revigorante descobre o que é Tekoa, poi-poi, yvira nhex, petynguá, mboy, tokoiró... os dias passam e ao retornar para sua casa, em São Paulo, leva em sua memória a... “Saudade é uma distância que não se mede em quilômetros. Aquela gente tão igual e tão diferente. Um povo cuja cultura é tão antiga e cheia de sentidos.” (p. 27). Mais do que a informação por trás do enredo está a riqueza poética das imagens que o ilustrador Maurício Negro cria para o livro, que já em sua capa apresenta um emaranhado de signos mesclados nos tons terrosos. A viagem do menino não começa na palavra, o leitor sabe que há um deslocamento do personagem pelas marcas de pneus, atravessando as páginas e mapas. Negro constrói suas imagens com elementos naturais como: folhas, terra, palha, sementes que aliados à fotografia e ao grafismo, seja por tinta ou por desenho, juntam-se à técnica antiga do pirógrafo que, com sua ponta fina e incandescente, queima a madeira, tatuando-a definitivamente. Por que não dizer que as ilustrações da obra são uma salada de expressões plásticas que sintetizam a riqueza da cultura indígena brasileira? Cada página do livro traz uma novidade em termos de cores, traços e técnica empregada, tal qual é a novidade encontrada por Carlos - a cada dia passado na aldeia guarani. A plasticidade das ilustrações para a obra é latente; é um convite a nos deleitarmos com os minuciosos detalhes, com as formas e cores da natureza que invadem as páginas do livro. Assim é Tekoa: um texto com vida que brinca e informa. FICHA TÉCNICA: Obra: Tekoa conhecendo uma aldeia indígena Autor: Olívio Jekupé Ilustrador: Mauricio Negro Editora: Global  Postado por Prolij / Univille às 08:15 Marcadores: Alcione Pauli, Cultura Indígena, Maria Lúcia Rodrigues, Resenhas

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

É preciso que a sociedade brasileira de um orte apoio aos nossos parentes kaiowa, pois eles já sofreram muito e precisam recuperar o que lhes foram roubados... Olivio Jekupe- 10/2012 10h22- Atualizado em 23/10/2012 17h06 tamanho do texto A- | A+ “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui” A declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis Caiovás demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão ELIANE BRUM inShare. | | Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. elianebrum@uol.com.br @brumelianebrum (Foto: ÉPOCA) - Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais. O trecho pertence à carta de um grupo de 170 indígenas que vivem à beira de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, cercados por pistoleiros. As palavras foram ditadas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence. Há cartas, como a de Pero Vaz de Caminha, de 1º de maio de 1500, que são documentos de fundação do Brasil: fundam uma nação, ainda sequer imaginada, a partir do olhar estrangeiro do colonizador sobre a terra e sobre os habitantes que nela vivem. E há cartas, como a dos Guaranis Caiovás, escritas mais de 500 anos depois, que são documentos de falência. Não só no sentido da incapacidade do Estado-nação constituído nos últimos séculos de cumprir a lei estabelecida na Constituição hoje em vigor, mas também dos princípios mais elementares que forjaram nosso ideal de humanidade na formação do que se convencionou chamar de “o povo brasileiro”. A partir da carta dos Guaranis Caiovás, tornamo-nos cúmplices de genocídio. Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é. Os Guaranis Caiovás avisam-nos por carta que, depois de tantas décadas de luta para viver, descobriram que agora só lhes resta morrer. Avisam a todos nós que morrerão como viveram: coletivamente, conjugados no plural. Nos trechos mais pungentes de sua carta de morte, os indígenas afirmam: - Queremos deixar evidente ao Governo e à Justiça Federal que, por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo. Não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo. Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram 4 mortes, sendo que 2 morreram por meio de suicídio, 2 em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano. Estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercados de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários de nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali está o cemitérios de todos os nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje. (…) Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS. Como podemos alcançar o desespero de uma decisão de morte coletiva? Não podemos. Não sabemos o que é isso. Mas podemos conhecer quem morreu, morre e vai morrer por nossa ação – ou inação. E, assim, pelo menos aproximar nossos mundos, que até hoje têm na violência sua principal intersecção. saiba maisA ministra e a prostituta Um repórter ameaçado de morte Um embrulho de papel brilhante A vida na “Tumorlândia” Russomanno e a vulgaridade do desejo Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando? Você quer ser pessoa ou paciente? De passagem Por que o amianto foi parar no meio do mensalão? Dançando com fantasmas Com a vênia, Seu Manoelzinho Não atirem no Coringa Chester prefere pagar pelo sexo A primeira morte Desde o ínicio do século XX, com mais afinco a partir do Estado Novo (1937-45) de Getúlio Vargas, iniciou-se a ocupação pelos brancos da terra dos Guaranis Caiovás. Os indígenas, que sempre viveram lá, começaram a ser confinados em reservas pelo governo federal, para liberar suas terras para os colonos que chegavam, no que se chamou de “A Grande Marcha para o Oeste”. A visão era a mesma que até hoje persiste no senso comum: “terra desocupada” ou “não há ninguém lá, só índio”. Era de gente que se tratava, mas o que se fez na época foi confiná-los como gado, num espaço de terra pequeno demais para que pudessem viver ao seu modo – ou, na palavra que é deles, Teko Porã (“o Bem Viver”). Com a chegada dos colonos, os indígenas passaram a ter três destinos: ou as reservas ou trabalhar nas fazendas como mão de obra semiescrava ou se aprofundar na mata. Quem se rebelou foi massacrado. Para os Guaranis Caiovás, a terra a qual pertencem é a terra onde estão sepultados seus antepassados. Para eles, a terra não é uma mercadoria – a terra é. Na ditadura militar, nos anos 60 e 70, a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou. Um grande número de sulistas, gaúchos mais do que todos, migrou para o território para ocupar a terra dos índios. Outros despacharam peões e pistoleiros, administrando a matança de longe, bem acomodados em suas cidades de origem, onde viviam – e vivem até hoje – como “cidadãos de bem”, fingindo que não têm sangue nas mãos. +Leia também: Um tragédia indígena +Fotos: Guarani-caiová Com a redemocratização do país, a Constituição de 1988 representou uma mudança de olhar e uma esperança de justiça. Os territórios indígenas deveriam ser demarcados pelo Estado no prazo de cinco anos. Como sabemos, não foi. O processo de identificação, declaração, demarcação e homologação das terras indígenas tem sido lento, sensível a pressões dos grandes proprietários de terras e da parcela retrógrada do agronegócio. E, mesmo naquelas terras que já estão homologadas, em muitas o governo federal não completou a desintrusão – a retirada daqueles que ocupam a terra, como posseiros e fazendeiros –, aprofundando os conflitos. Nestas últimas décadas testemunhamos o genocídio dos Guaranis Caiovás. Em geral, a situação dos indígenas brasileiros é vergonhosa. A dos 43 mil Guaranis Caiovás, o segundo grupo mais numeroso do país, é considerada a pior de todas. Confinados em reservas como a de Dourados, onde cerca de 14 mil, divididos em 43 grupos familiares, ocupam 3,5 mil hectares, eles encontram-se numa situação de colapso. Sem poder viver segundo a sua cultura, totalmente encurralados, imersos numa natureza degradada, corroídos pelo alcoolismo dos adultos e pela subnutrição das crianças, os índices de homicídio da reserva são maiores do que em zonas em estado de guerra. A situação em Dourados é tão aterradora que provocou a seguinte afirmação da vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat: “A reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo”. Segundo um relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que analisou os dados de 2003 a 2010, o índice de assassinatos na Reserva de Dourados é de 145 para cada 100 mil habitantes – no Iraque, o índice é de 93 assassinatos para cada 100 mil. Comparado à média brasileira, o índice de homicídios da Reserva de Dourados é 495% maior. A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Desde 1980, cerca de 1500 tiraram a própria vida. A maioria deles enforcou-se num pé de árvore. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez para muitos deles, seja pior do que a morte. Um relatório do Ministério da Saúde mostrou, neste ano, o que chamou de “dados alarmantes, se destacando tanto no cenário nacional quanto internacional”. Desde 2000, foram 555 suicídios, 98% deles por enforcamento, 70% cometidos por homens, a maioria deles na faixa dos 15 aos 29 anos. No Brasil, o índice de suicídios em 2007 foi de 4,7 por 100 mil habitantes. Entre os indígenas, no mesmo ano, foi de 65,68 por 100 mil. Em 2008, o índice de suicídios entre os Guaranis Caiovás chegou a 87,97 por 100 mil, segundo dados oficiais. Os pesquisadores acreditam que os números devem ser ainda maiores, já que parte dos suicídios é escondida pelos grupos familiares por questões culturais. As lideranças Guaranis Caiovás não permaneceram impassíveis diante deste presente sem futuro. Começaram a se organizar para denunciar o genocídio do seu povo e reivindicar o cumprimento da Constituição. Até hoje, mais de 20 delas morreram assassinadas por ferirem os interesses privados de fazendeiros da região, a começar por Marçal de Souza, em 1983, cujo assassinato ganhou repercussão internacional. Ao mesmo tempo, grupos de Guaranis Caiovás abandonaram o confinamento das reservas e passaram a buscar suas tekohá, terras originais, na luta pela retomada do território e do direito à vida. Alguns grupos ocuparam fundos de fazendas, outros montaram 30 acampamentos à beira da estrada, numa situação de absoluta indignidade. Tanto nas reservas quanto fora delas, a desnutrição infantil é avassaladora. A trajetória dos Guaranis Caiovás que anunciaram sua morte coletiva ilustra bem o destino ao qual o Estado brasileiro os condenou. Homens, mulheres e crianças empreenderam um caminho em busca da terra tradicional, localizada às margens do Rio Hovy, no município de Iguatemi (MS). Acamparam em sua terra no dia 8 de agosto de 2011, nos fundos de fazendas. Em 23 de agosto foram atacados e cercados por pistoleiros, a mando dos fazendeiros. Em um ano, os pistoleiros já derrubaram dez vezes a ponte móvel feitas por eles para atravessar um rio com 30 metros de largura e três de fundura. Em um ano, dois indígenas foram torturados e mortos pelos pistoleiros, outros dois se suicidaram. Em tentativas anteriores de recuperação desta mesma terra, os Guaranis Caiovás já tinham sido espancados e ameaçados com armas de fogo. Alguns deles tiveram seus olhos vendados e foram jogados na beira da estrada. Em outra ocasião, mulheres, velhos e crianças tiveram seus braços e pernas fraturados. O que a Justiça Federal fez? Deferiu uma ordem de despejo. Em nota, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) afirmou que “está trabalhando para reverter a decisão”. Os Guaranis Caiovás estão sendo assassinados há muito tempo, de todas as formas disponíveis, as concretas e as simbólicas. “A impunidade é a maior agressão cometida contra eles”, afirma Flávio Machado, coordenador do CIMI no Mato Grosso do Sul. Nas últimas décadas, há pelo menos duas formas interligadas de violência no processo de recuperação da terra tradicional dos indígenas: uma privada, das milícias de pistoleiros organizadas pelos fazendeiros; outra do Estado, perpetrada pela Justiça Federal, na qual parte dos juízes, sem qualquer conhecimento da realidade vivida na região, toma decisões que não só compactuam com a violência , como a acirram. “Quando os pistoleiros não conseguem consumar os despejos e massacres truculentos dos indígenas, os fazendeiros contratam advogados para conseguir a ordem de despejo na Justiça”, afirma Egon Heck, indigenista e cientista político, num artigo publicado em relatório do CIMI. “No momento em que ocorre a ordem de despejo, os agentes policiais agem de modo similar ao dos pistoleiros, visto que utilizam armas pesadas, queimam as ocas, ameaçam e assustam as crianças, mulheres e idosos.” Ao fundo, o quadro maior: os sucessivos governos que se alternaram no poder após a Constituição de 1988 foram incompetentes para cumpri-la. Ao final de seus dois mandatos, Lula reconheceu que deixava o governo com essa dívida junto ao povo Guarani Caiová. Legava a tarefa à sua sucessora, Dilma Rousseff. Os indígenas escreveram, então, uma carta: “Presidente Dilma, a questão das nossas terras já era para ter sido resolvida há décadas. Mas todos os governos lavaram as mãos e foram deixando a situação se agravar. Por ultimo, o ex-presidente Lula prometeu, se comprometeu, mas não resolveu. Reconheceu que ficou com essa dívida para com nosso povo Guarani Caiová e passou a solução para suas mãos. E nós não podemos mais esperar. Não nos deixe sofrer e ficar chorando nossos mortos quase todos os dias. Não deixe que nossos filhos continuem enchendo as cadeias ou se suicidem por falta de esperança de futuro (…) Devolvam nossas condições de vida que são nossos tekohá, nossas terras tradicionais. Não estamos pedindo nada demais, apenas os nossos direitos que estão nas leis do Brasil e internacionais”. A declaração de morte dos Guaranis Caiovás ecoou nas redes sociais na semana passada. Gerou uma comoção. Não é a primeira vez que indígenas anunciam seu desespero e seu genocídio. Em geral, quase ninguém escuta, para além dos mesmos de sempre, e o que era morte anunciada vira morte consumada. Talvez a diferença desta carta é o fato de ela ecoar algo que é repetido nas mais variadas esferas da sociedade brasileira, em ambientes os mais diversos, considerado até um comentário espirituoso em certos espaços intelectualizados: a ideia de que a sociedade brasileira estaria melhor sem os índios. Desqualificar os índios, sua cultura e a situação de indignidade na qual vive boa parte das etnias é uma piada clássica em alguns meios, tão recorrente que se tornou quase um clichê. Para parte da elite escolarizada, apesar do esforço empreendido pelos antropólogos, entre eles Lévi-Strauss, as culturas indígenas ainda são vistas como “atrasadas”, numa cadeia evolutiva única e inescapável entre a pedra lascada e o Ipad – e não como uma escolha diversa e um caminho possível. Assim, essa parcela da elite descarta, em nome da ignorância, a imensa riqueza contida na linguagem, no conhecimento e nas visões de mundo das 230 etnias indígenas que ainda sobrevivem por aqui. Toda a História do Brasil, a partir da “descoberta” e da colonização, é marcada pelo olhar de que o índio é um entrave no caminho do “progresso” ou do “desenvolvimento”. Entrave desde os primórdios – primeiro, porque teve a deselegância de estar aqui antes dos portugueses; em seguida, porque se rebelava ao ser escravizado pelos invasores europeus. A sociedade brasileira se constituiu com essa ideia e ainda que a própria sociedade tenha mudado em muitos aspectos, a concepção do índio como um entrave persiste. E persiste de forma impressionante, não só para uma parte significativa da população, mas para setores do Estado, tanto no governo atual quanto nas gestões passadas. “Entraves” precisam ser removidos. E têm sido, de várias maneiras, como a História, a passada e a presente, nos mostra. Talvez essa seja uma das explicações possíveis para o impacto da carta de morte ter alcançado um universo maior de pessoas. Desta vez, são os índios que nos dizem algo que pode ser compreendido da seguinte forma: “É isso o que vocês querem? Nos matar a todos? Então nós decidimos: vamos morrer”. Ao devolver o desejo a quem o deseja, o impacto é grande. É importante lembrar que carta é palavra. A declaração de morte coletiva surge como palavra dita. Por isso precisamos compreender, pelo menos um pouco, o que é a palavra para os Guaranis Caiovás. Em um texto muito bonito, intitulado Ñe'ẽ – a palavra alma, a antropóloga Graciela Chamorro, da Universidade Federal da Grande Dourados, nos dá algumas pistas: “A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados guarani e como eles imaginam o transcendente. As experiências da vida são experiências de palavra. Deus é palavra. (...) O nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança. A palavra circula pelo esqueleto humano. Ela é justamente o que nos mantém em pé, que nos humaniza. (...) Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança, marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade. (...) As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades etc. – são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os rezadores e as rezadoras se esforçam para ‘trazer de volta’, ‘voltar a sentar’ a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde.(...) Quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir, um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais. (...) Ñe'ẽ e ayvu podem ser traduzidos tanto como ‘palavra’ como por ‘alma’, com o mesmo significado de ‘minha palavra sou eu’ ou ‘minha alma sou eu’. (...) Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como um todo.” A fala, diz o antropólogo Spensy Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo, é a parte mais sublime do ser humano para os Guaranis Caiovás. “A palavra é o cerne da resistência. Tem uma ação no mundo – é uma palavra que age. Faz as coisas acontecerem, faz o futuro. O limite entre o discurso e a profecia é tênue.” Se a carta de Pero Vaz de Caminha marca o nascimento do Brasil pela palavra escrita, é interessante pensar o que marca a carta dos Guaranis Caiovás mais de 500 anos depois. Na carta-fundadora, é o invasor/colonizador/conquistador/estrangeiro quem estranha e olha para os índios, para sua cultura e para sua terra. Na dos Guaranis Caiovás, são os índios que olham para nós. O que nos dizem aqueles que nos veem? (Ou o que veem aqueles que nos dizem?) A declaração de morte dos Guaranis Caiovás é “palavra que age”. Antes que o espasmo de nossa comoção de sofá migre para outra tragédia, talvez valha a pena uma última pergunta: para nós, o que é a palavra? Eliane Brum escreve às segundas-feiras.