sexta-feira, 1 de julho de 2011

Oitavo encontro dos escritores indigenas

Oitavo encontro de escritores indígenas

No ano de 2011 aconteceu o encontro no Rio de Janeiro mais um encontro de escritores indígenas, onde recebi mais uma vez o convite do Coordenador que é o Cristino Wapichana. Quando recebi o Email, fiquei feliz porque mais um encontro eu participava e poderia mostrar meus livros no evento.
E quando foi dia 14 de Junho de 2011 fui para o Aeroporto pegar o avião e a alegria era imensa porque eu ia estar ao lado de outros parentes indígenas que também escrevem e muitos deles de outros Estados Brasileiros. Ao chegar no aeroporto por conhecidência dou de cara com o Rafael Crespo, um rapaz que trabalha no NEARIN( Nucleo de escritores e artistas indígenas), é que ele estava esperando outros índios que vinham de Manaus. Por sorte fomo s no mesmo táxi direto para o evento realizado pela Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil(FNLIJ) E nesse evento tem o Stand dos autores indígenas. E logo que cheguei coloquei meu banner onde tem o s meus livros, por onde eu vou sempre eu levo para mostrar ao povo, é uma forma de mostrar o que tenho, aliás, na aldeia Krukutu onde moro, eu tenho outro banner onde deixo lá para os turistas verem quando vão ver os artesanatos na lojinha que temos.
Mais tarde fomos para o hotel onde ficamos hospedado. Naquele dia estava já presente alguns autores, como o Manoel Moura, grande liderança tradicional e muito conhecido pelas lutas do povo indígena. Eu já conhecia há muitos anos, e por sorte ficamos hospeado no mesmo quarto, e junto ficou outro índio que eu não conhecia, que se chama Jaime do povo Dessano do Amazonas, aliás bem alegre, e contador de piada.
Já no dia seguinte fui para o stand onde acontecia o encontro da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil(FNLIJ), naquele dia encontrei a grande responsável para que o encontro dos escritores indígenas acontecesse todos os anos, que é a senhora Bety Serra. Desde 2004 ela tem apoiado esse encontro e mais um estava acontecendo, era nossa madrinha que foi através desse apoio que o NEI (núcleo dos escritores foi crescendo e mais tarde mudou de nome para NEARIN. Em seguida cumprimentei a Bety, falei rápido, porque ela é uma mulher muito importante e com muitos compromissos, então logo ela foi atender outros no evento, enquanto isso fiquei conversando com o Ely do povo Macuxi que também ia lançar seu livro no dia 16, no mesmo dia do meu, ele ia lançar seu livro na parte da manhã e eu a tarde. Mas tarde apareceram alguns índios do povo Munduruku, um deles eu já conhecia que é o Jones que havia participado de outro encontro anterior.
Mas tarde reparei que havia uns cartazes divulgando que nós estaríamos na UERJ( Universidade Estadual do Rio de Janeiro. E esse seria o 4 encontro em que os escritores indígenas estariam lá falando sobre seus trabalhos, suas experiência de vida ou outras coisas mais.
-Hoje a noite nós iremos lá... falar com o alunos. Disse o Cristino.
Fiquei feliz ao ouvir aquilo, porque é uma Universidade de renome e que os alunos estão muito interessado em nos ouvir.
Quando foi lá pelas 17:00 horas veio uma kombi nos buscar. Ao chegar no auditório, já havia vários alunos sentados e nos esperando. E depois de alguns minutos logo encheu e não cabia mais ninguém, era emocionante estar ali na cidade maravilhosa, como é conhecida e estar ao lado deles.
Em seguida o grande responsável pelo encontro que é o senhor Bessa sentado ao lado da mesa começou a falar um pouco, em seguida falou outro homem. Depois disso foi a vez do Cristino falar um pouco, foi direto chamando para fazer parte da mesa alguns lideres que iam compor no discurso. Nisso ele foi chamando o Marcos Terena, em seguida a Graça Graúna, depois o Ademerio Payaya, em seguida foi a vez do Ely Macuxi, mas que preferiu dar a palavra par a um índio Dessano que era a primeira vez que participava do encontro, o senhor Jaime, depois foi a vez do Manoel Moura, mas de repente levei um susto, pois eu fui chamado para compor a mesa. Pra mim foi muito importante, porque eu tinha certeza que poderia contribuir com algumas palavras. Sei que não sou um doutor, mas sempre acreditei que Nhanderu me inspira quando falo diante do público, por isso logo que meu nome foi citado, aí falei comigo mesmo- é agora Nhanderu. Aí me levantei e fui sentar ao lado daqueles grandes lideres que são exemplos para todos, de luta e de resistência, de que através dos seus discursos, fazem com que a sociedade respeitem nosso povo e surja novas mudanças e novas políticas publicas e principalmente a demarcação. Mas como o tema era sobre a literatura que escrevemos, sei que todos iam discursar com grande sabedoria. De repente começou a falar a Graça Graúna, em seguida o Payaya, em seguida foi a minha vez. Como de costume não gosto de falar sentado, aí me levantei e comecei a me apresentar.
-Bom para quem não me conhece sou Olívio Jekupe, e para quem me conhece também sou Olívio Jekupe.
Logo que falei isso vi que todos riram.
Aí comecei meu discurso depois da brincadeira a parte, falei com coragem, tentei mostrar a importância que tem a literatura escrita pelos povos indígenas, e que gosto de falar que nós escrevemos literatura nativa. No inicio muitos não entendem isso que falo mas depois de explicar aí todos entendem minha idéia. Aproveitei a cada momento que tinha pra falar com os alunos com sabedoria, sei que quando estamos ao lado dos estudantes de Universidade, temos que falar bem, com a ajuda de Nhanderu(nosso Deus), porque muitos pensam que porque moramos na aldeia, somos incapazes, que não pensamos, que não sabemos discursar. Por isso ao terminar minha apresentação, aí só escutei os aplausos dos estudantes, e que me deixou emocionado e convencido de que tenha falado bem, porque ouvir tantos aplausos assim não seria a toa.
Em seguida foi a vez do Ailton Krenak, grande homem, de discurso que quando fala deixa o povo de queixo caído. Sei que quando eu era garoto quando morava no Paraná, em 1984 eu gostava de ouvir seu nome na televisão e outras matéria da imprensa. E desde aquela época eu acompanho seu discurso pela escrita. Mas já em 1992 eu tive a oportunidade de conhece-lo na aldeia Morro da Saudade como era chamado naquela época, aldeia guarani que fica em Parelheirso-São Paulo. Pra mim foi emocionante conhece-lo. E hoje somos grandes amigos e desde aquela época que me conheceu, ele pode ver algumas poesias minha e gostou, disse que minhas poesias eram muito boas. Isso me deixou feliz ao ouvir essas palavras de um grande líder indígena. Em seguida ele parou de falar, e agradeceu a todos. Todos aplaudiram, pois seu discurso era demais.
Aí foi a vez do Marcos Terena, o índio conhecido como Aviador, o primeiro piloto indígena do Brasil, outro que sempre admirei pela sabedoria. Pra mim era muito bom estar ao lado deles, porque todas as vezes que eu escutava suas palavras, mais eu aprendia. E a presença desses grandes líderes falando ao povo, era muito importante porque eram muito respeitados por todos, que eram admirados. E isso conta muito, são pessoas de exemplo...
Ao terminar, aí veio o mais importante, fomos para o hotel Glória na Lapa do rio de Janeiro onde estávamos hospedados. E fomos jantar num restaurante ao lado.
Já no dia 16 ia ser um dia muito importante, porque era o dia em que fomos na FNLIJ, e nesse dia os autores indigenas iam dar palestra no evento para muitas pessoas.
No dia seguinte já era dia 16 de Junho, e fomos todos para o evento em que ia acontecer o encontro e que nós íamos dar palestra. Ao chegar lá no local, pude perceber que era um local muito bonito, diferente do anterior. Lá pedi para alguém que precisaríamos de algumas mesas para expor os livros para vender e também alguns artesanatos, é que todos os anos sempre tem alguém que trás. Em seguida uns minutos depois trouxeram 4 mesas. Eu fui logo colocando meus livros e que logo quem chegava iam dando uma olhada, eu aproveitava e conversava com os leitores, alguns me conheciam pela internet e diziam que me acompanhavam pelo Facebook, e eu dizia:- Que bom, fico contente. E nisso alguns compravam o livro e pediam autógrafo. Pra mim era emocionante porque me fazia sentir uma pessoa importante. Já pensou, eu moro numa aldeia e a gente sempre sofre muito preconceito e sendo vangloriado pelos jurua kuery me deixava alegre.
Mas logo em seguida depois que atendi algumas pessoas fui na abertura do encontro. Quem iniciou foi a grande Bety Serra que comentou da importância que é apoiar esse evento e que era o oitavo ano que acontecia...
Em seguida falou o Cristino, coordenador do NEARIN, em seguida o Daniel Munduruku. Depois de algumas apresentações, aí iniciou a palestra, primeiro o Ailton Krenak, o Marcos Terena, Manoel Moura e que deram um chou como sempre. É, a presença desses grande líderes tem um valor muito importante. Em seguida foi a vez da Eliane Potiguara, a grande poetiza que tem um livro que já li e gostei muito que é- Metade cara metade mascara da Editora Global.
Em seguida foi a minha vez e através do simples discurso tentei mostrar a importância que tem o livro escrito por autores indígenas, e que sei que o livro de Literatura Nativa em que escrevemos será importante para os professores do Brasil conhecer melhor o nosso povo, pois é através do que escrevemos que a sociedade conhecerá melhor os povos indígenas. Por isso é que falo em Literatura Nativa e que poderei ser criticado por quem não entender a minha idéia. Aliás, tentei ser rápido porque já estava quase na hora do almoço e as duas horas eu ia fazer o lançamento do meu livro... Depois fomos almoçar, o local era ali mesmo numa sala especial, enquanto que o público foi no restaurante que havia no andar de baixo.
Em seguida logo que almocei. Deci e fui direto para o stand onde seria o lançamento do meu novo livro_Tekoa conhecendo uma aldeia indígena, Ed. Global. Não demorou muito e logo apareceu o grande ilustrador, Mauricio Negro, conversamos um pouco e logo iniciamos uma pequena palestra para alguns professores e as crianças que chegavam. Posso dizer que foi um lançamento muito gostoso, e naquele momento enquanto eu falava, havia outros escritores falando também, pois era um grande evento em que tinha muitos autores ao mesmo tempo lançando. Depois que terminamos o lançamento aí alguns apareceram com o livro na mão para darmos autógrafo, eu e o Mauricio. Isso me deixava feliz.
Posso dizer que foi um dia inesquecível para mim, porque eu estava lançando um livro que tenho certeza que seria um grande sucesso no Brsil, que escrevi de um jeito em que as pessoas possam conhecer uma cultura diferente e que poderá ajudar muitos professores no Brasil. E tenho certeza que com a Literatura Nativa escrita pelos povos indígenas muitos irão valorizar mais nosso povo.
Opá- Junho de 2011

OLIVIO JEKUPE- PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO GUARANI NHE´E PORÃ.
ALDEIA INDIGENA KRUKUTU- PARELHEIROS-SÃO PAULO-SP
ESCRITOR DE LITERATURA NATIVA E PALESTRANTE.
www.oliviojekupe.blogspot.com

oliviojekupe@yahoo.com.br

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